11/06/2023
Rodrigo Rodrigues da Silva
27 de julho de 2023
Há algum tempo eu já vinha querendo fazer a via Aperitivo, em especial inspirado pela escalada da Paula e da Kyra relatada aqui em 2022. Na minha escalada anterior com o Luís Avellar (CNM/CEC), quando fizemos a primeira repetição da via Par ou Ímpar, decidimos que essa seria a próxima empreitada. Abrimos uma prancheta e juntaram-se o Jerônimo Quintes (CEC/CNM) e Pedro Neuhaus (CNM).
Alguns dias antes enviei o TCRN e o e-mail de agendamento para o PARNASO – nota: o novo recurso “Relação p/ Parque” do CiviCEC ajudou muito a juntar os dados e montar o e-mail 😉
Uma coincidência digna de nota é que montando o TCRN achei no meu computador um termo para uma escalada na mesma via, no mesmo dia e exatamente um ano atrás, cancelada por causa da chuva. No entanto, este ano me sentia muito mais preparado, especialmente depois de fazer algumas vias nas aderências do sumaré.
Estudamos o croqui e conversamos com algumas pessoas que já tinham feito a via, há algum tempo ou recentemente. Nos preocupavam relatos de que a trilha de aproximação para a base estivesse muito fechada, não estava tão fechada, Jejê já tinha feito a Infinita (há um bom tempo) e tinha alguma ideia… e tivemos sorte.
Itinerário (aproximado)
03:50 Eu saí do Rio para encontrar os demais em NKT
04:50 Saímos de NKT
05:40 Chegamos no Posto Garrafão
5:50 Início caminhada
07:00 Base da via
07:30 Escalando
12:00 Fim da via
13:00 Descendo
14:30 Chegamos no carro
15:30 Saímos do posto
17:00 Chegamos em NKT
18:00 Chegada no Rio
Aproximação
Saindo do Posto Garrafão, subir a pé em direção a Teresópolis por uns 10 min até avistar uma mureta de contenção. Logo após a mureta haverá uma pequena passagem (dois postinhos, sem portão) no alambrado que é a saída de um rio seco. O começo da trilha é ali. Suba o rio seco por uns 10 min. Em um dado momento, vai sair do rio seco para a direita, ganhar um pouco de altura, sempre com o rio seco à sua esquerda, subindo em direção à parede. Em algum momento a trilha dá uma guinada à esquerda. Por aí tem uma bifurcação à direita que é para a base da Infinita. Segue à esquerda. Vai chegar de cara com a parede, bem vertical, no que parece ser uma cachoeira seca. Cruzar o rio bem de cara com a parede, e subir um barranco do lado esquerdo, onde vai ter uma trilha meio apagada, que vai paralela à parede por uns 10m até chegar à base. Parece ter outro acesso nesse trechinho final, mas esse foi o que achamos. A base é bem demarcada. A trilha, no geral, estava bem pisada e limpa para o tipo de via. Dá pra ver o primeiro grampo a uns 35m.
A escalada
Estávamos com uma corda de 70, então tentamos esticar/emendar alguns esticões, mas não valeu a pena. Melhor é francesar até a P4, talvez da P6 até P8 (seg para na P7) se gostar de um arrastinho, e seguir as paradas como no croqui.
P1 – P3 Fomos francesando, não tem pq não francesar, pois usam-se poucas costuras. Os grampos são longe mas a escalada é tranquila. Um pouco antes da P3 tem um trecho um pouco ensebado, cuidado.
P4 Dá para francesar também, mas não francesamos. Saindo da P4 tem colocações em móvel fáceis de colcoar, mas não é fácil visualizar os grampos, que ficam atrás de vegetação.
P5 – P6 Trechos delicados. Tivemos algumas quedas, sempre limpas. O que está como VI no croqui não achei a passagem mais difícil.
P6 – P8 Francesamos um pedaço, muito suja.
P9 Para mim foi ali o crux da via. Caí várias vezes, mas queda limpa e boa. O peso da corda e o cansaço cobraram sua conta. Depois de tentar várias vezes pela direita, em uma crocota polida seguida de uns buracos, fiz o crux da enfiada por um caminho mais à esquerda, por um grande abaolado e depois uma travessia de volta.
P10 Bela canaleta até o fim da via. Com a corda de 70 dá para chegar tranquilo até o grampo na via normal.
Concluímos a via em 4h30 (primeira cordada).
Frisos invisíveis
Houve relatos de que um dos escaladores, enquanto guiava, estava vendo frisos na pedra que não existiam. Bem sabemos que a Aperitivo tem duas agarras em 500m de via. Se este escalador estava equipado com o Olho de Tandera, que permite ver além do alcance, com algum poder de aranha, ou apenas alucinando, só saberá quem estava lá.
Descida
Até as duas cordadas chegarem ao final da via o tempo limite que tínhamos colocado para fazer cume ou descer direto tinha passado por poucos minutos. Decidimos fazer uma pausa mais longa para lanchar e descer direto com calma. Fizemos uns dois rapéis onde o caminho é estreito, abismo para os dois lados, depois descemos sem mais rapéis. Achamos o caminho bem degradado em alguns trechos. A trilha termina na pista em um ponto um pouco acima de onde entramos na trilha da Aperitivo. Chegamos ao carro com 8h40 de carro a carro.
Fotos: Luis Avellar