04/06/2023
Rodrigo Rodrigues da Silva
7 de junho de 2023
Uma via com várias pranchetas no histórico do clube, porém sem nenhum relatório, ao menos on-line, que eu tenha encontrado. P3 é abreviação de Pr. Paraíso Perdido, conquista de 1984 de Alexandre Portela e Mário Castro, via D2 3° V de 195m. Participaram da prancheta eu, Rafaela Lopes e Maurício Roma. O plano inicial era ir em duas cordadas, mas duas pessoas não compareceram e no fim acabou sendo conveniente pois um trecho da via deu mais trabalho, conforme detalharei.
Chegamos de carro à entrada do PNT pouco mais de 7h30 e já havia carros na espera. Tomei um café com pão na chapa no carrinho do Sr. Agenor que salvou o dia. Às 8h o portão abriu e subimos até o Bom Retiro. Enquanto outros grupos maiores (com até 16 pessoas!) organizavam-se, fomos o primeiro a subir.
Base – A melhor referência para o acesso à base da via é contar o tempo de 27′ desde a entrada da trilha em ritmo normal ou três curvas após uma laje de pedra. A entrada é razoavelmente pisada, de onde já se vê a parede, com uma fita amarela em uma árvore, uns 6m após uma curva à esquerda. Também tem uma pedra bem no meio da trilha principal indicando a saída.
9:20 – estávamos equipados e escalando.
De relatos recentes, sabemos que muitas pessoas evitam os dois primeiros grampos da via devido ao limo. Subi por uma trilha à direita que já dá na base do diedro da via Magia Vertical e da Caipirinha, mas achei que para a P3 não valeria a pena perder parte da via, então desci e fiz pelo início original. Delicado, um pouco babado, mas as agarras e pés não tem limo, estão limpos.
P1 – Grampo único após a canaleta. Não protegi a canaleta, mas usei um offset nut pequeno em uma laca após ela antes de um lance mais delicado.
P2 – Parada dupla após um “tetinho”, lance mais atlético.
P3 – Parada dupla após um esticão longo predominantemente em agarras longas. Na saída da P2, em diagonal para a direita, lances são mais atléticos e não dá para ver o grampo. Usei um camalot #2 para melhorar a proteção. Após colocar o camalot em uma fenda boa dá para ver o grampo e tocar para cima.
P4 – Parada dupla após um esticão que saiu da P3 em horizontal para a esquerda, protegendo o “capacete” com uma laçada de fita de 120cm, e depois seguindo em passadas de aderência, batentes e abaolados mais delicados. Essa parada é antes do lance do crux, com potencial queda em fator. Fiz uma parada sequencial para os participantes ficarem mais à esquerda e garantir mais espaço de queda.
P5 – Para dar mais conforto aos participantes no lance do crux, parei no segundo grampo após o crux (e não no terceiro, onde normalmente se para e é o último da via). Era um grampo simples e para fora, não muito confiável, então trouxe o Maurício até esse grampo e a Rafaela veio até o grampo anterior (logo após o crux).
P6 – Segui só mais um grampo até o último da via. Saindo da P5, também usei um nut pequeno em uma laca para melhorar a proteção.
P7 – como o costão final estava molhado, fiz uma parada em um bico de pedra e dei seg de corpo para os participantes, que recomendei que já viessem de tênis para seguir para a trilha pois havia pouco espaço seco. Eles foram de equipamento mesmo, e já enfiei as cordas na mochila para não molhar.
Trilha – meio vara mato, meio trilha ruim até o cume do pico da tijuca. Só um pouco antes do cume conseguimos “fazer a feira” do equipamento pois antes não tinha espaço, mas também queríamos evitar curiosos.
14:20 – chegamos ao cume
14:40 – descendo
15:40 – no estacionamento.
Conclusão – o estilo da via é bem diferente do que eu tinha na cabeça, com lances mais “atléticos”, em agarrão, do que eu esperava. Porém o crux é delicado, mãos ruins e pé em aderência. O croqui original observa bem que é um Vsup. A proteção é razoável nos lances chave, mas pode ser espaçada nos lances fáceis. Recomendo estar guiando 5º grau confortavelmente para ir lá. Para o participante recomendado escalar lances de IVsup e técnicas de ascensão em corda fixa em dia caso precise para o crux. Agradeço às excelentes parcerias! Via linda, vale a pena!!
Crédito das fotos Rafaela Lopes.