RESPONSÁVEL
DATA DA ATIVIDADE

08/06/2024

RELATO POR

Cecília Ferreira da Silva

PUBLICADO EM

24 de junho de 2024

CATEGORIA

Montanha: Maria Comprida

Cidade: Teresópolis (acesso via Secretário)

Guias: Ciça Ferreira, Gabi Mag, Paula Caetano e Renata Costa

 

A proposta de fazer a Nebulosa surgiu em setembro/2022, inicialmente comigo, Gabi, Paulinha e Kyra, mas houve chuva na semana proposta e esta montanha precisa de pelo menos uma semana sem chuva, para ter seguramente a escalada. O plano passou para 2023.

Em março/23 começamos as discussões de agenda…hahah…e a Brabimbi (Leticia Bimbi) entrou para as cordadas. A proposta era manter duas cordadas femininas. A pergunta que sempre ficava, quando olhávamos o croqui, era “O que significa essas caverinhas?”. Sabíamos que era exposição, mas a cabeça ainda bloqueava esta info. Não muito convidativo olhar para elas!

Foto 1: Croqui das caveiras, ups, da Maria Nebulosa.

Embora a sensação fosse de “Medo, terror e pânico”…rs…estávamos animadíssimas e confiantes na empreitada! Estudamos o croqui, pegamos várias dicas com escaladores e com o conquistador sobre a trilha de acesso, rapel x trilha, e sobre a via em si. Estas trocas de informações são essenciais! Vias longas exigem planejamento da logística!

Depois de muitas remarcações e mais uma mudança nas cordadas, finalmente a via saiu em 08/06/24. A Bimbi não pode estar no Rio na data, então, convidamos a Rê para empreitada.

Optamos por dormir em Secretário, próximo da Pedra, na véspera da escalada para não termos que acordar muito cedo no Rio e nos expormos na madrugada na estrada. Sabia decisão!

Acordamos as 4:30 e partimos para acesso a trilha. Para-se o carro no recuado na estrada de terra (Localizador: https://maps.app.goo.gl/5LyrbgVGAyzzkxyHA). Próximo deste ponto, você já a vista a porteira:

Foto 2: Acesso a trilha

Iniciamos a trilha por volta de 6:20. Foram 1h:20min de caminhada. Estava relativamente aberta. Boa parte da trilha segue pelo leito de rio seco, com alguns desvios pela mata. Há algumas fitas e totens que ajudam na localização. Usamos o Wikiloc para auxiliar na navegação. O trecho final de aproximação é um costão de pedra. Se chover a descida é bem ruim, mas tem grampo para evasão por rapel.

Foto 3: Costão final da trilha

Chegamos na base por volta das 7:30 e iniciamos a escalada as 8h. Éramos duas cordadas, eu e Gabi, e Paula com a Rê. Gabi ficou com os esticões ímpares e eu com os pares, então, ela iniciou a Guiada.

Foto 4: Base da via

 

P1: Começa levemente positiva em aderência de III sup, com 45m. Antes da parada tem uma barriguinha que protege em móvel (camalot 2 e 3).

P2: Aderência de IV com alguns abaulados. Uma das chapas está escondida atrás da bromélia. Eu cheguei pela esquerda da proteção e fiquei bem ruim para costurá-la. Dei a dica para Paula, que guiava a cordada de baixo. Dá para entrar pelo mato, um pouco abaixo e costurar de frente para chapa.

P3: Abaulência de IV grau. Com a reforma da via foram colocadas mais três novas proteções neste esticão.

Foto 5: Rê guiando a P3.

P4: Este esticão ganhou mais três proteções. Há uma fenda que dá para proteger com camolot 0.5. Esticão cheio (55m).

Foto 6: Paula guiando a P4.

Até P4 escalamos ao modo tradicional. De P5 a P11 (Gabi/Ciça) / P10 (Rê/Paula) francessamos, e depois de P10/11 a P13.

A partir da P5, há basicamente uma proteção entre as paradas (+/-45m cada esticão). É um escalaminhada tranquila, porém, alguns lances positivos de 3 grau que não se pode cair. A navegação é um majoritariamente fácil, porque a via segue entre vegetações dos dois lados. É praticamente um corredor de escalada.

É cansativo este trecho pelo toca-toca e arrasto da corda. Chegamos bufando!

Foto 7: Em algum lugar entre P5 a P10, Gabi puxando a cordada da nossa francesada.

Da P12 a P13 é basicamente uma trilha, com proteção de corpo em platô superconfortável. Chegamos no platô as 12h30m.

P14: É o crux da via. O esticão ganhou 3 proteções novas. É uma aderência delicada. Achei veneno proteger em móvel a barriga para fazer um lance de domínio. É uma passada em aderência para costurar e a fenda não tem agarra boa de mão. É abaulado. Protege com camolot .5 ou 0.75. É um lance de V.

Foto 8: Eu dando segue para Gabi na P14 e Paula subindo em simultâneo.

P15: O croqui diz que é V, mas achamos bem tranquilo. Talvez um III com IV. Navegação um pouco mais complicada, pois é difícil ver as proteções.

P16: Já tínhamos um relato de uma cordada ter se perdido entre a P16 e P17, e foi exatamente o que aconteceu novamente. Me perdi! Rs… Fiz praticamente uns 30-40metros sem achar proteções. Após a primeira proteção, próxima a parada, o novo croqui (ainda não divulgado amplamente pelo conquistador) mostra um caminho mais a esquerda. Toquei muito para esquerda e não achei nada. A escalada é fácil (III grau), felizmente. Após 30 mt, mirei em uma arvore mais a direita, para me proteger, e no caminho, achei uma chapa para direita, que ao chegar perto, percebi que era a parada dupla. Quando a Gabi, minha participante iniciou a escalada, tocou mais reto e visualizou uma das proteções mais a direita, e sinalizou para Paula, na segunda cordada. Nossa impressão é que há um erro no croqui e o esticão de P15 para P16 não existe. É na verdade o P16 para P17.

Foto 9: Esticão do Perdido

P18: Ficamos na dúvida se o caminho era para esquerda ou direta do mato, mas optamos pela esquerda, sentido do croqui. Gabi tocou para esquerda, e depois reto, muitos metros sem proteção. Conseguiu proteger em móvel, levemente para direita, e depois visualizou a parada dupla. Quando eu subi, como participante, achei uma das proteções e sinalizei para Rê, que guiava a segunda cordada. Não achamos a segunda proteção que há no croqui.

P19: Sai guiando, tocando para direita, caminho mais fácil. O novo desenho do croqui do conquistador é para direita. Depois toquei reto e não achei proteções. Visualizei um mato pisado e toquei para lá, sem proteção. Ao me puxar em uma das arvores, um galho quebrou e me desequilibrou. Por sorte, o mato me segurou. Foi um belo susto. Odeio escalar mato! Rs…O arrasto da corda era assustador. Logo após o mato, cheguei em um platô, que cogitei dar seg de corpo, mas acabei achando a parada dupla a poucos metros, à esquerda. Alívio! Não achei nenhuma proteção neste esticão (eram 2). Na guiada da Paula, ela conseguiu colocar uma proteção em móvel antes da parada.

P20: Trecho tranquilo, mas navegação ruim. Difícil ver as proteções (são duas). A medida que a Gabi acha as proteções, a Rê sobe guiando a segunda cordada.

P21: Saí guiando sem proteção até entrar no mato, meio trilha, achando que chegaríamos caminhando para o cume, porém, a trilha termina em mais um trecho de rocha e há um grampo no platô (da P22). Explorei o platô todo mas a única saída para cume era escalar mais um trecho. Como estava com muito arrasto de corda e o trecho de escalada não tinha proteção visível, achei melhor puxar a Gabi para Platô. Paulinha subiu antes e se prendeu no grampo da P22. Gabi me deu segue e subi bem à direita da pedra, um III grau de aderência (+/-15m) e depois entra na trilha que acessa o cume. Cheguei ao cume as 16:10, e pouco a pouco a mulherada foi acessando o cume.

Foto 10: Cume

Festa do cume! Alívio, alegria e satisfação. A festa foi curta porque ainda tínhamos mais um desafio, rapelar mil metros e fazer a trilha a noite.

A descida foi tensa. O primeiro rapel dá para fazer com uma corda de 60m e os próximos emendamos as cordas. O segundo rapel iniciou ao entrardecer, mas logo virou noite. Havia muita neblina, o que dificultou muito localizar a próxima parada. Gastamos 40 min neste rapel, mas em algum ponto, a Rê viu o quad abandonado na parada propositalmente. Que sufoco!

A Paulinha, com sua memória de elefante…rs, assumiu a abertura dos próximos rapéis. A neblina e o mato atrapalham muito, mas ao longo da subida fomos marcando as paradas como fita reflexiva (algumas paradas já tinham), e o que nos salvou. Sem a fita é impossível rapelar a noite e com neblina. Foram 5h30min de rapel!!

Chegamos ao carro de volta da meia noite, cansadas, mas extasiadas com a aventura & conquista! Pelo que apuramos somos a segunda (Ciça/Gabi) e terceiras cordadas (Rê/Paula) femininas nesta via o/

Resumo dos Tempos:

Início da trilha: 6h20

Base 7:30

Início da escalada: 8h

Cume: 16:10

Início do rapel: 17h

Tempo total de rapel: 5h30

No carro de volta: 00:20

One Comment

  1. Marcelo 25/06/2024 at 09:01 - Reply

    Sensacional!

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